Sunday, December 23, 2007

Clichê.




O botão
Que desbota o limiar
Do meu coração
Desabotoa minha
Tristeza militar.
Sempre á espreita,
Sempre à direita,
Pronta para desabrochar.
Em lindas
Pétalas
Vindas de lágrimas
Perpetuas
Prestes á desaguar
Na carcaça mórbida
Do meu desgosto
Do meu amor morto
Desde sempre
Perdido
Esquecido
Em algum lugar
Do seu olhar.

Monday, December 03, 2007

Um desabafo que você não vai ler.



Se há algo que me mata mais do que as aulas, esse algo são as férias.
As aulas são destrutivas, as férias são autodestrutivas.
No período letivo eu não tenho tempo para pensar (ou viver), o que deixa as coisas em seu lugar. Entretanto, a rotina, as pessoas, as situações, tudo aquilo acaba comigo.
Nas férias eu sinto o tempo escorrer pelos meus dedos, eu vejo o sol ir e vir no seu ciclo altivo e impermeável todos os dias, eu me entedio enfrente á televisão, eu me cego na frente dos livros, eu me canso na frente do computador e eu me acabo com meus pensamentos. Ou eles acabam comigo? As coisas giram dentro de minha cabeça, todas as idéias, todos os planos irrealizáveis, a mesmice poética dos dias, o acordar e ir dormir sem ter feito absolutamente nada de útil a não ser converter o oxigênio em gás carbono, e as coisas acontecendo, e a vida andando, e eu sendo incapaz de me mexer da cama, seja por preguiça, seja por medo da vida. Nas férias, ela se mostra tão letal e irresistível. Quase tão letal e irresistível quanto a preguiça. E as duas se espreitam em minha mente, e tudo gira, e tudo pisca, e as dores de cabeça voltam. Eis aí um ótimo período para meter um tiro no meio da cabeça, ou um corte entre o pulso.
E eu realmente não sei mais o que fazer. Viver tem um peso insuportável. As dolorosas férias vão acabar cedo ou tarde, a virão as aulas com suas injustiças e horrores, com todas as fofocas sobre o gatinho da balada ou sobre o circulo trigonométrico, e toda a inveja, o desprezo e as intrigas ridículas e infantis ás quais me dou ao trabalho de participar. E tudo, absolutamente tudo, vai estar no seu lugar. As arvores da praça XV não se mudarão de lugar nesse período de tempo, a padaria e os capuccinos pelando, e as pombas vão continuar levando chutões nas sarjetas das ruas, e os dvds da Saraiva ainda serão inacessíveis para mim. E nada vai mudar. Nada nunca muda. Nem o sol, nem a lua, nem os dias que demoram tanto pra passar.