Monday, July 21, 2008

Espelho.


Olhos presos, nariz deforme, boca pendurada.
Não confiava em espelhos.
Ainda que aquela fosse sua imagem, não era a imagem que ela sentia ser.

Televisores não mostram nada. Nenhum daqueles rostos é realmente alguém.
Rostos são apenas mascaras automaticamente programadas para rir ou chorar na frente de outros rostos. Não é o verdadeiro EU. O EU de verdade não está expresso na minha cara. Está em qualquer outro lugar dentro do meu corpo. Na minha insônia, no meu calcanhar, na ponta dos meus dedos quando eu te toco, no meu dente canino, na minha perna que lateja de dor durante a noite. Essa sou eu. Mas ela não sabia quem era.
Não confiava em espelhos.
Nem em televisores.
Nem em reflexos de água.
Nem em reflexos de olhos.
Mas talvez confiasse se visse o sol refletir no seu rosto. Se pudesse observar seu rosto.

Portas.
Quem me garante que sejam portas mesmo?
Não se pode confiar nos outros.
Nem em espelhos.

Calçadas, ruas, ladrilhos, asfalto.
Meus pés não são pés. São pedaços repuxados de mim. Como uma raiz mal posicionada. Como o rastro branco que o avião faz no céu.
Não são meus. Não são eu.
Onde estará ela?
Todos os rostos que passam por ela na rua. Qual deles seria o seu, se ela nascesse outra. Todos os rostos indiferentes que passam por mim na rua.
Nenhum deles é meu.

Talvez numa tumba no Egito. Talvez na mão da atendente da salgaderia em frente á praça. Talvez na mãe que nunca foi minha.

Shoppings. Vitrines. Os manequins são o exemplo ideal do vazio fácil que ela sentia. São todos tão iguais, nariz, olhos, bocas. Mas nenhum deles é o meu.

Talvez.
Quando eu estiver voltando para a cama.
Quando eu cruzar aquela esquina no cruzamento em frente à Banca de Revistas.
Ao pôr-do-sol, ao verde-musgo das arvores, ao formigamento cotidiano nas calçadas do centro.
Eu te descubra.
E eu possa te olhar sem medo de me ver.
E cada cravo estará no mesmo lugar. Cada ruga, cada traço, cada pólo, cada fosso.
E então, imagem nenhuma se comparará à beleza iluminada.
Á beleza proclamada que verei em seu rosto.

Sunday, July 13, 2008

Nada Privado


Bom, depois de quase 2 anos de Nada de Nada, finalmente decidi separar minha vida pessoal dos meus textos ficcionais:


Criei um novo blog pra falar exclusivamente de mim. (Egocentrismo, não?)



Bom, aí está, quem quiser saber das minhas tragédias cotidianas www.nadaprivado.blogspot.com na veia, mano. :)

Friday, July 11, 2008

Para eu me sentir melhor.

Eu rezaria á Deus, se acreditasse Nele.

Eu faria um HELP! de fogo com livros e dvds, e visão aérea para os Ets virem. Se eu não estivesse assustada demais para chamá-los.

Eu ligaria para a Renata. Sim, ligar pra Renata é interessante.
Mas eu não tenho nada pra dizer á ela.

Eu visitaria a Leandra, se eu soubesse onde ela mora, se soubesse que ela me atenderia.

Eu iria pro Bar comprar bebidas, se eu estivesse arrumada, se eu tivesse dinheiro, se eu tivesse idade.

Se eu tivesse sono, eu dormiria. Tenho quatro travesseiros e três edredons me esperando numa

cama quentinha.

Eu te ligaria. Eu realmente te ligaria...


Eu não tenho Fé,
Eu não tenho Coragem,
Eu não tenho Paciência,
Eu não tenho Confidentes,
Eu não tenho Idade,
Eu não tenho Sono,
E eu não tenho você.


O que me resta?