Thursday, December 08, 2011

A vida é uma festa.



Eu sou uma pessoa inconveniente.

Já me descreveram como “rabugento”, “chato”, “antissocial” e até “pagodeiro”.
Não sou nada disso, sou uma pessoa normal, pacata e reservada. Tenho todos os meus vícios, três na verdade, algumas qualidades e defeitos também. Sou controverso, não gostam de mim ao primeiro olhar e me odeiam a primeira palavra. Eu causo desconforto nas pessoas, sou sincero. Sou sincero sendo mudo seletivo. Isso tudo irrita.

Quando estou feliz, bebo até me sentir enjoado. Quando estou estressado, fumo até meu pulmão inchar e o mundo ficar amarelado como o cheiro do tabaco. Quando estou desesperado me corto, abro e reabro as feridas, até o sangue ficar aguado. E escondo tudo isso debaixo dos panos. Talvez pareça estranho, mas para mim são coisas cotidianas que passam e se alternam como as fases da lua. Com todo mundo.

Há alguns anos atrás, quando eu era inocente como uma criança recém-nascida para o mundo, tentava me socializar com as pessoas. E com as pombas da praça também. Mas não há nada que me agradasse mais do que a solidão. Gatos, ratos e garotas cujas palavras soem como poesia podem me acompanhar se quiserem, e se eu quiser. Eu ofereço um mundo próprio e utópico, entre outras grandes vantagens confidenciais. Em troca peço sigilo.

É um mundo horrível no qual não se pode ser quem você é. Mesmo que todos saibam quem você é e mesmo que eu saiba quem cada um de vocês é. A vida mais parece uma festa a fantasia, na qual todos os convidados que tiram a mascara são expulsos e tem que assistir a festa do lado de fora. Mas quem precisa de uma festa quando se tem cigarros? Quem precisa ir a uma festa? Te obrigaram a ir e você nem percebeu.