Saturday, July 07, 2007

Friday, July 06, 2007

Momentos.




AR
Adoro o ar.Adoro respirar.Quando medito fecho a respiração e sinto cada pedaçinho de meu corpo se contorcer para roubar o pouco de ar que o sangue pode disponibilizar naquele momento.Se eu fosse uma artista plástica,inventaria um ar colorido.Um azul e um vermelho.O azul respirado por um homem e o vermelho respirado por uma mulher,vaporosamente expirados,juntos,daria um hidrogenio lilás.Mas não sou artista,nem cientista,e a única coisa que eu tenho em comum com essa gente é a megalomania.
CÉU
Antigamente,eu deitava no chão sujo de concreto na garagem á céu aberto,e ficava admirando as estrelas.Eu sentia um alivio sufocante em ficar daquele jeito.Era como se minha alma,ignorando a gravidade,se desprendesse de meu corpo e caissem no infinito universo á minha frente.Eu acho que as pessoas nunca pararam para pensar,mas estamos de ponta cabeça na terra,andamos,comemos,dormimos,trabalhamos de ponta cabeça,o céu é o chão,a terra é o teto,é o limite,o finito.Não importa se é China ou Brasil,estamos de ponta cabeça,e caso nossos pés saiam de nossos sapatos,cairemos no infinito,no céu.Cairemos da terra em rumo ao nada.
COMIDA
Eu adoro couve refogada.Adoro a tal ponto que eu não me importaria em come-la até me entupir (ou engasgar)Eu tenho essa mesma sensação com o milho cozido.Queria comer,engolir,senti-lo escorrer pelo canudo de minha garganta até descer em meu estomago.
ÔNIBUS
As senhoras morenas idosas do fundo do ônibus me irritam.Eu as amava,as admirava.Agora meu único desejo é que o ônibus capote na curva do trevoe que esmague seus miolos,olhos,braços e peitos flácidos,para que assim calem suas palavras estúpidas e cheias de erros alfabéticos.Antes,suas palavras vaporosas se fundiam com meus pensamentos megalomaniacos,e a fumaça do onibusnos consumava.Eu as adorava,as admirava.Agora meu único desejo é que morram!
ELA
Ela tinha sangue vermelho correndo por debaixo da pele vermelha de seus dedos vermelhos.Tão vermelhos que ardiam dentro de mim,o fogo corria por entre minhas entranhas,e de nervo em nervo,atingia meu coração.E em um suspiro agudo e timidoeu engolia todo o ar que acabara de passar por seu corpo.É uma pena que ela não tenha me visto por de trás de seu castelo de superioridade.Eu teria lhe dado um coração vermelho de dor.
PESSOAS
Eu desco do ônibus e vou a escola,ao shopping,a videolocadora,a lan house,a praçinha,a catedral,ao museu,a biblioteca com uma mascara de inexpressividadeue atriz nenhuma no mundo seria capaz de imitar.Eu ando por aí com olhar fixo para a frente.Ás vezes,durante meu percurso alguém me encara e abaixo a cabeça e quando sou eu quem encaro alguém viro o olhar.Pois sei que seus olhos vazios e os rostos sem alma das pessoas que perambulam por aínão são suficientemente bons para chamar minha atenção.Esses serezinhos auto-denominados pessoas são tão banaise estupidos.São estranhos,mais estranhos para mim do que eu para eles.A imbecilidade generalizada e alienante me dá nojo,me causa arrepios e ataques epiléticos.Em seus rosto hepátiticamente amarelos eu vejo a desgraça da humanidade em todos os estágios da vida.São impiedosos em sua miséria.Eu quero salvar a humidade de todos os maus.Eu quero acender o pávio da dinamite e explodir nas estranhasde cada corpo inútil que vaga sem rumo pelas ruas dessa cidade.