Passados três meses após o mundo ter desmoronado alguns
destroços ainda caem na minha cabeça. Durante todo esse período cultivei
expectativas com o afinco de um jihadista, não colhi nada e meu paraíso
prometido parece indescritivelmente sombrio. Não vejo nenhum futuro no qual eu
prospere, não vejo nenhum sinal de sucesso nos próximos anos, não vejo nada
além de fracasso, derrota e humilhação. De todas as esperanças restaram apenas um
desânimo vazio e uma sonolência azul, eu me aconcheguei no desespero e me
tornei cética à qualquer tipo de felicidade. Aquela menina que tinha tantos
talentos, tanto potencial, na qual depositaram tantos sonhos, hoje reside debaixo
do cobertor na cama da namorada que a sustenta. Mesmo aqui debaixo, a luz é
rala. Todas as cabeças cortadas, as mentiras contadas, o sorriso forçado...
todos riem do meu esforço agora. Não há mais nada que eu seja capaz de fazer,
não há nenhuma luz no fim deste túnel. As coisas se acabam, as coisas se
desmoronam e eu continuo incapaz de levantar. Todas as peças se encaixam para
mostrar que eu não me encaixo nelas, que não estou inclusa. Continuarei nessa residência
quente e discreta, escondida de tudo o que me cerca e dormindo o dia todo para me
esquecer que estou viva...
Sunday, January 29, 2017
Subscribe to:
Posts (Atom)