Não sei se deveria compartilhar isso, mas a essa altura não
faz muita diferença. Eu tenho uma mutação genética presente na família, que me
torna ligeiramente inclinada ao caos. Todos os membros da minha gloriosa
família de "ninguéns" sofrem com esse mal e estamos diariamente buscando destruir
e dar uma razão a nossa existência simultaneamente. Esse pequeno “desvio do
padrão aceito” começou, até onde tenho noticias, com meu bisavô e sua suave tendência
hedionda. Seu crime foi tão violento quanto às evidências que ele deixou para
tras, o que não deixa de ser a outra face da família: a desorganização. Daí em
diante ninguém, ao menos não até o momento, conseguiu superar sua barbárie, mas
estamos nos empenhando, inconscientemente, para que isso ocorra o mais breve
possível. Temos esse gene egocêntrico e assassino que nos faz querer nos
destacar por nosso vazio e agressividade. Cotidianamente preciso tomar o
controle de mim mesma para que acidentes não ocorram, preciso olhar para os
dois lados várias vezes antes de atravessar a rua e pensar em todas as falibilidades
possíveis antes de me empenhar numa possível agressão física com estranhos. Eu
luto contra esse desejo genocida todos os dias, antes de acordar até a hora de
dormir, meus pensamentos se concentram nos órgãos e na carne alheia. Houve
momentos em que estive muito próxima de perder o controle, não sentia mais empatia
pela vida humana e já não respeitava mais as regras sociais. Em momentos de
crise também perco o respeito pela minha própria vida, e a vontade de causar
dano aos outros é maior do que a de me manter viva. Meu acidente, há dois anos
atrás, em parte ocorreu devido a esse ódio inconsequente e misantropo. Desde
então estive bem, mas as coisas têm piorado miseravelmente... e eu sei ler os
sinais da minha insanidade, escritos por gerações de perdedores na minha
genética caótica...
Monday, January 26, 2015
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