Thursday, July 12, 2018

sem direção



Os dias se repetem miseravelmente. Parece que já ouvi essa história antes: as horas vem e vão e vem e vão e retornam para dentro de mim, todos os dias. Sinto um vazio doce, um tédio ardido e os segundos passam pelos meus joelhos abatidos junto com a água morna do banho. Dizem que estou doente e que estou errada. Eternamente errada em cada posicionamento que tomo. Talvez eu esteja errada e você esteja certa. Mas meu cansaço não permite que eu tome decisões assertivas ou que tenha qualquer julgamento correto. Hoje, nesta manhã gelada e azulada, as coisas não se encaixam tão bem quanto deveriam. Eu rabisco em tons pasteis e rascunho rapidamente minhas sensações, mas nada, além de você, consegue amenizar meu aborrecimento. Você tem sido minha cura e meu castigo, um remédio amargo no qual me viciei para escapar dos meus dias. Rastejo por quilômetros por essa passagem enlameada com o mais maravilhoso afeto até a saída... e então volto para você. Não sei mais se o amor é a rendição ou a punição. Não tenho esperanças de que as coisas irão melhorar algum dia. Há apenas um feixe opaco de luz dentro de mim e ele ilumina você. E é essa visão que me faz permanecer aqui, imóvel de mais para ir embora, infeliz demais para permanecer...