Sunday, September 01, 2013

Escondida



Algumas dizem que está no meu rosto,
Está no meu jeito de andar, no meu olhar.
Elas dizem que sempre souberam
E que, não importa o que eu faça, sempre saberão.

Não há fuga, não há escapatória,
Elas sempre saberão quem eu sou.
Elas sempre saberão quem somos.
Não há como esconder, não há como mudar.

O batom na boca, a bolsa no ombro,
Tudo como manda a etiqueta.
Me fantasiando de alguém que eu não sou,
Vivendo num mundo ao qual não pertenço.

Me vestindo de monstro,
Usando o cabelo para esconder o rosto,
Há algo na minha essência
Que continuará lá, intocável.

Aguardando para ser descoberto,
Redescoberto, escondido de novo,
E então exposto.
Há algo na minha alma que não mudará.

Elas olham para mim, falam de mim,
Sei que algumas nutrem um desejo oculto,
Escondido de todos os outros.
Outras mostram sua repulsa,
Elas têm medo de mim...

Pois eu não sou o que deveria ser,
Eu não sou como elas,
Somos diferentes, pensamos diferentes,
Opostas dos desejos aos medos.

Eu me escondo nessa fachada rasteira,
Nesse armário de cristal,
No qual você pode me ver
E pode falar para os outros sobre mim

Eu me escondo,
Não por vergonha ou preguiça,
Ou constrangimento,
Eu me escondo por medo.

Medo da exposição à qual serei colocada,
Medo da violência, que já sofro
Mesmo trancada aqui dentro.
Medo que você não olhe mais para mim...

Há tantos motivos para não falar,
Há tantas razões para continuar assim,
Sozinha, enquanto o mundo muda lá fora,
Enquanto o ar não acaba aqui dentro, fica rarefeito...

Eu penso “por quê tudo teve que ser desse jeito?”