Saturday, January 13, 2007

Romance de Pastelaria - O Amor de Chow Mein e Placidina Del Rey

Numa manhã chuvosa de uma Segunda-Feira de um Janeiro qualquer,Placidina abriu os olhos.Toda demência da cidade grande havia cerrado seus olhos com fumaça,e naquela manhã,ela voltou a enxergar."O mundo é encantador",pensou.Depois se localizou,estava sentada no segundo degrau das Lojas Americanas da Praça XV.
Era tão cedo que os primeiros pombos saiam de seus ninhos improvizados em cima das poucas arvores da praça,para serem pisoteados,chutados e alimentados por humanos apressados que por lá,mais tarde,passariam.
"Que horas são?" pensou,e ao se virar para procurar o ponteiro mais próximo,percebeu que ao seu lado estava Chow Mein.Este,olhava tristemente para baixo com seus olhos molhados e timidos.
E os dois ficaram ali,paralizados por uma paixão sem futuro,olhando os arredores enquanto os primeiros humanos começavam á formar a multidão anônima dos grandes centros urbanos.
_E agora?O que vai ser,Placidita? - Gruniu Chow,com uma vozexessivamente rouca e seu típico sotaque oriental.
_Eu já lhe disse o que será,Chow.Mas...parece que você não me ouve!!
_Eu ouço.Sempre ouvi...Só não aceito.Eu te tirei daquele emprego de merda,te dei comida,dinheiro,teto...amor....para isto?!?!
_Sabe qual o seu problema,Chow??O seu e de todos esse chinezinhos socialistas metidos á capitalistas da tua raça??Vocês acham que o dinheiro capitalista pode socializar o amor de uma mulher!Não pode...Eu sou grata por tudo o que você me fez,mas não te amo,é isso...aceite e vá embora.
_...
E Chow Mein se levantou,caminhou alguns metros sem olhar para trás,e se jogou no chafariz da praça.Placidina,mesmo tendo presenciado a cena,se manteve indiferentemente sem se mexer de seu lugar.Quieta,olhando o nada,na mesma praça,na mesma manhã da mesma Segunda-Feirado mesmo Janeiro qualquer.
Um dia qualquer na vida das pobres pombas puguentas que testemunharam o final daquele romance barato de pastelaria.
Um dia de alivio para Placidina,que agora,tinha sua boceta livre para todos os homens que tivessem 50 reais destinados á ela. Afinal,o amor de Placidina não se compra mas o corpo,sim!!!
Um dia chuvosamente triste para Chow Mein,enquanto ficou no chafarizsua lágrimas se misturaram com a água suja e a chuva d'agua que caia.Ao se levantar,esqueceu sua vontade de viver naquele lugar,provavelmentenuma latinha de Coca-Cola que flutuava por lá.
Depois daquela manhã eles nunca mais se viram...



Placidina voltou ao mesmo puteiro,carinhosamente chamado por seusclientes de boate.
Chow não tinha ânimo para nada,não comia,não se levantava,há não serpara trocar os 2 CDs de tango que Placidina esquecera em cima de sua cama.Um dia,os dois CDs riscaram por completo.Chow preparou um pastel cujo recheio era o perfume dum frasco que Placidina também esquecera lá. Sofria tanto por ela,que sua morte foi amando-a.Enquanto o som cuspiaas notas desafinadas do que deveria ser um tango,Chow deitou-se no chãoda sacada,olhou o mesmo céu nublado daquele dia triste...e morreu de um amor mortal.
E ela,só soube da noticia 2 dias depois,quando retornou á pastelariapara pedir "cenzinho" emprestado em troca de um coração arrependido e cheio de amor.


Não chore,Placidina.

1 comment:

Pedro Couto said...

Bem...
Eu não escrevi porque estava gripadíssimo, e como se não bastasse, meu pc estragou....

to entrando na net esporadicamente!



aCHEI A NARRATIVA MUITO BONITA,
vc tah "miorano" sua ESCREVIAÇÃO zÚIA..!

agora vou ver se consigo escrever algo...tive tantas idéias ...
mas concretizar que eh freud, neh..


hmm..

Viva os amores desasjustados das argentinas e dos imigrantes orientais.


Muito bom!

mas lerei mais vezes,
pra analisar com outros aspectos, queridenha!


bju