Saiba que às vezes me escondo nas profundezas da minha indiferença
e às vezes me sinto tão ignorada que me camuflo na parede do seu quarto. Às
vezes, sem deixar rastros e sem que você perceba, uso todas as minhas forças e derroto
outra pessoa, aquela versão carinhosa e oposta de mim. Às vezes, deixo ela ganhar.
Às vezes te deixo ganhar. Enquanto olho nos seus olhos, tento esconder o brilho
do meu olhar ao ver seu rosto. Às vezes seguro meu corpo contra o seu magnetismo
e evito um abraço, contra a minha vontade. Eventualmente, enquanto conversamos,
engulo um elogio automático e mantenho o silêncio no ar. Às vezes não respondo
seu “Eu te amo” na hora, apenas para te deixar com saudades. Às vezes evito
pensar em você, mas isso eu não consigo. Meus pensamentos dão a volta em assuntos
aleatórios e voltam a você. Às vezes gasto algumas horas me arrumando para
te ver, ainda que já tenha me visto acordar após uma bebedeira, ainda que já tenha me visto vomitando. Às vezes procuro surpresas, iguais a esse
texto, para alegrar você. Mas sei que você não procura surpresas para mim. Às
vezes planejo por dias perguntas complexas e românticas que te levam a
respostas emancipadoras, mas não ouço o seu “e você?”. Às vezes ignoro suas
provocações e controlo minha raiva. Às vezes não. Às vezes percebo que não
valho muita coisa, por joguinhos psicológicos como estes e às vezes percebo que
valho alguma coisa, pelo imenso amor que guardo por você. No final do dia,
quando todas as histórias foram contadas e todas as intrigas passadas a limpo, ter
você ao meu lado é o meu elogio favorito e conviver com você é a surpresa mais
agradável dos meus dias, da minha vida.
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