Monday, June 07, 2010

Segunda-Feira



O sol queima meus olhos de primavera na luz de inverno. Hoje eu passei por vergonhas vermelhas e solitárias, mas resisti bravamente ao meu próprio constrangimento. Hoje eu refleti sobre tudo o que eu poderia ter sido, mas não fui. Hoje eu acordei soletrando para mim mesma a palavra “solidão” e mantive-a firme na ponta da língua por toda a manhã. Por alguns segundos, há poucas horas atrás, eu me esqueci que não é para mim que os pássaros cantam nessa vida. Há poucas horas sorri para uma desconhecida e exclamei "bom dia" para outra, sem me lembrar de que ninguém, nem mesmo eu, vive para mim. Quando eu ficar mais velha, meu fardo estará deposto. Como um ancião que tem consciência de que suas derrotas são sempre mais intensas que suas glórias, eu terei consciência de minha dor e vergonha. Daqui a um ano, o sol, enfim, sorrirá para mim. E eu sorrirei de volta para ele, sem culpa.

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